sábado, 1 de fevereiro de 2014

A CRUZ: NÃO HÁ OUTRO ESCAPE!

                                         Por: FREI BENVINDO DESTAFANI O. F. M.



O século desvairado julga o Crucificado, um Deus flagelado, coroado de espinhos, ensangüentado, ferido, coberto de ignomínia, um símbolo absurdo de triste, de sofrimento e de dor, o cumulo da loucura.
Entretanto a cruz é o sinal que se encontra nos lares bem formados, nas torres das igrejas, nos túmulos cristãos. A cruz é o alivio dos desventurados e a esperança dos moribundos. A cruz enternece na alegria, consola no abatimento, é penhor de vida na sombra da morte. O mundo não entende a loucura da cruz de que fala o Apostolo São Paulo.
- “Nos stulti propter Christum”: “Somos loucos de amor por Cristo”.
Humilhar-se, abater-se, perdoar, renunciar aos gozos, repudiar a avareza, a ambição, a gloria, o furor do bem-estar, eis a loucura da cruz!
A sacrossanta cruz reitera todas as imolações do Homem-Deus, desde o primeiro vagido do presépio até o derradeiro gemido do Calvário, imolações essas espontâneas, conforme predisse o profeta:
- “Oblatus est quia ipse voluit:” “Voluntariamente Jesus se sacrificou”.
A cruz é obra estupenda de Deus. É o pólo de toda criação. É a síntese do amor para quem algumas horas são longos anos! É a santa impaciência do amor!
O mundo sem a bendita cruz seria insuportável; a vida, sem esperança; as desgraças, sem consolação.
Na cruz, o amor é sua própria vítima, seu próprio altar, seu próprio pontífice. Na cruz está a gloria da matéria, a apoteose da castidade. Porque a Justiça divina viu no Crucificado a responsabilidade da pena, mas não a malicia da falta.
A humanidade, tão inclinada pela prevaricação adâmica aos furores da impureza e as orgias da concupiscência, precisa do salutar remédio da santa cruz.
Porquanto, o povo que não presa a cruz, que zomba do Crucificado, é um povo morto, perderá sua liberdade, como aconteceu com o antigo império romano: Roma come, bebe, diverte-se e morre!
Não se encontra o Redentor senão com a cruz.
Por conseguinte, todos a quem não satisfaz a realidade presente; todos que tem um ideal; todos que possuem fome e sede de justiça deverão amar o sinal da nossa salvação.
Não se pode amar o divino Libertador sem amar também a sua cruz. Muitos querem o reino celestial, mas não querem ir para lá pelo caminho da cruz.
Muitos querem as consolações de Nosso Senhor, mas detestam seus trabalhos, suas fadigas, seus padecimentos.
Muitos desejam o doce e belo Tabor, mas aborrecem o espinhoso e acerbo Calvário. Muitos almejam ser companheiros de suas alegrias, mas poucos preferem compartilhar de suas amarguras.
Ninguém quer a cruz de Cristo ou, se a deseja, há de ser conforme a seus gostos, a seus caprichos, a suas inclinações, talha a seu bel-prazer.
Todavia ninguém poderá viver sem cruzes. E face da universalidade da cruz, há somente um dilema. Ou carregá-la com paciência e resignação e ser amigo de Jesus, ou detestá-la e ser inimigo de Jesus conforme Ele mesmo afirmou:
- “Quem não está comigo, será contra mim!”
Não há outro escape!

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Fonte: Ao entardecer, São Paulo: Edições Paulinas, 1957, p. 178-180.

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