JEAN OUSSET
(28 de julho 1914 - 20
de abril de 1994)
A
LIBERDADE É CONDIÇÃO DO AMOR E O AMOR A ÚNICA RAZÃO DE SER DE NOSSA LIBERDADE
Todo o mistério do
homem se encerra no nó desta relação. Se se esquece de um dos dois aspectos, a
harmonia desaparece.
Nos encontramos ante
os antípodas do liberalismo e do anarquismo libertário.
NÃO! A verdadeira
liberdade não pode ser a que eles nos propõem. E não pode ser porque a
verdadeira liberdade é, precisamente, condição do amor, só tem sentido em
função do amor, ordenada para o amor..., enquanto que, ao contrário, a
liberdade liberal nada tem haver com o amor, do qual inclusive é negação, posto
que é, por essência, a liberdade da indiferença em relação a tudo que não seja
ela mesma, a liberdade que não vem determinada por nenhum afeto, a liberdade
que recusa deixar-se obrigar amorosamente, a liberdade à que nada impressiona e
que nada deve impressionar sob pena de deixar de ser liberdade.
Liberdade liberal:
liberdade não do amor, senão da fuga egoísta, liberdade do “apenas eu” e do “cada
um por si”, lei da selva, considerada como princípio fundamental da ordem
humana.
Esta não é a
liberdade dos filhos de Deus, única liberdade verdadeira. Não pode ser. Digamos
mais: Seria insensato que fosse a liberdade de agir de qualquer modo assim como
a permissão de não amar à Deus, posto que, pelo contrário, precisamente para
que o amemos e possamos amar-lhe realmente (livremente) foi que Deus nos fez
livres.
E não apenas não pode
ser a liberdade de agir de qualquer modo a liberdade verdadeira porque para
amar-lhe foi que Deus nos fez livres; senão que é também porque Ele nos ama,
porque quer realmente nosso maior bem, porque quer para nós uma felicidade
infinita, razão pela qual Deus não podia querer que a liberdade fosse
essencialmente uma liberdade para avançar por caminhos aonde Ele não seria o
último fim.
Se Deus nos tivesse
feito livres no sentido literal da palavra, quer dizer, livres com liberdade
para fazer qualquer coisa e de ir para qualquer parte, isto seria a prova de
que Ele não nos amava; seria como um pai que não se preocupa com seus filhos e
para quem não importa vê-los afastados dele.
Mas ao contrário, se
Deus nos quis livres foi por amor, porque Ele, que é Deus por natureza, quer
fazer de nós deuses por participação, como disse São João da Cruz.
Fonte: Introducción a la política. 3ª Parte, Dios es amor.
Tradução:
Fernando Rodrigues Batista
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