R. P. FÉLIX SARDÁ Y SALVANY
(21 de maio de 1841 – 02 de janeiro de 1916)
Além
destes caminhos por onde se chega ao liberalismo, há o que poderíamos chamar
causas permanentes dele na sociedade atual; e nestas havendo de procurar os
motivos por que se torna tão difícil a sua extirpação.
São
em primeiro lugar causas permanentes do Liberalismo as mesmas que indicamos
como caminhos ou resvaladios que conduzem a ele. Diz a filosofia: per quoe res gignitur, per eadem et servatur
et augetur: “As coisas comumente se conservam e aumentam pelas mesmas
causas por que nasceram”. Porém, além daquelas podemos indicar algumas outras
que oferecem caráter especial.
1. –
Pela corrupção dos costumes. A maçonaria o decretou, e cumpre-se à letra o seu
programa infernal. Espetáculos, livros, quadros, costumes públicos e privados,
tudo se procura saturar de obscenidade e lascívia; o resultado é inevitável: de
uma geração imunda sairá por necessidade uma geração revolucionária. Assim se
nota o empenho que tem o Liberalismo em dar rédea solta a todo o excesso de
imoralidade. Ele sabe bem quanto esta o serve. É seu natural apostolo e
propagandista.
2 –
O jornalismo. É incalculável a influencia que exercem sem cessar tantas
publicações periódicas que o Liberalismo espalha cada dia por toda a parte.
Elas fazem (parece mentira!) com que o cidadão, quer queira quer não, tenha de
viver hoje dentro de uma atmosfera liberal. O comercio, as artes, a literatura,
a ciência, a política, as noticias nacionais e estrangeiras, tudo gira quase
por vias liberais; tudo conseguintemente toma por necessidade a cor ou feição liberal.
E encontra-se quem, sema adverti-lo, pensa, fala e obra à liberal; tal é a
maléfica influência deste envenenado ambiente que se respira. O pobre povo
respira-o com mais facilidade do que ninguém, por sua natural boa fé. Recebe-o
em prosa, em verso, em gravuras e caricaturas, na praça, na oficina, no campo,
em toda a parte. Este magistério liberal se apoderou dele e não o larga um
instante.
***
Fonte: O liberalismo é pecado. São Paulo: Editora Panorama,
1949, p. 127-128.
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