A
brutalidade dos fatos demonstra que a teoria que aquilata o moral pelo
intelectual dos povos não é fazenda fina, mas uma baeta. Não é uma verdade, mas
um sofisma. A história universal, este resumo da humanidade, patenteia
claramente que não há progresso social, onde o espírito religioso se
enfraquece, oblitera ou morre.
Muitos
invocam a liberdade como salvatério. Deveras. A liberdade é um grande princípio
que, mal dirigido, pode tornar-se anárquico e desorganizador. Pois, a liberdade
é qual um cavalo fogoso, o qual carece de freio para conter-lhe os passos, a
marcha precipitada que, sem o freio, leva o cavaleiro ao precipício.
A
única formula salvadora é a cruz de Cristo. A cruz é o martírio, mas é a
genuína liberdade. Porquanto, sem religião não há vida moral. Cristo plantou,
entre dores e lágrimas, a suprema verdade na cruz.
O
nauta, açoitado por iroso oceano, volve-se para cruz. O agonizante procura a
cruz nos derradeiros paroxismos.
Assim,
as nações deverão pedir à cruz alento, vigor e vida. A cruz deverá ser a
bandeira e o lema que salvará o mundo. A cruz de Cristo jamais capitulará,
porque cravada nas mais altas trincheiras do coração e da razão. A cruz é
martírio, mas é liberdade! Voltemos à cruz salvadora!
No
turbilhão que varre a humanidade, tudo passa. A filosofia chocha, a ciência balofa,
o progresso fementido, tudo isso desaparece. Só não morre a religião da cruz,
porque essa é o pólo, seguro e imóvel no seio da eterna flutuação das coisas
criadas:
-
Stat cruz dum vólvitur orgis: “Permanece
inconcussa a cruz, enquanto gira o orbe!”
A
doutrina da cruz varre a mentira, despedaça os erros, encoraja os humildes,
requeima os orgulhosos, dardeja verdades e destrói ídolos que o mundo adora.
Curvemo-nos,
portanto, ante a sacrossanta cruz, único farol que, neste turbilhão de poeira
dos tempos modernos, pode rasgar as trevas que encobrem o futuro sombrio e
presago! Ave, cruz, spes única!...
Fonte: Ao
entardecer, São Paulo: Edições Paulinas, 1957, p. 237-239.
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