Trazemos aos amigos do Grupo Dom Bosco, do Círculo de Estudos e
amigos em geral, excertos de uma conferência pronunciada pelo professor suíço
JEAN DE SIEBENTHAL, aonde se evidenciam os princípios mais comezinhos que devem
nortear as atividades daqueles que defendem a Realeza de NSJC. O Autor fez
parte do “Ofício internacional de obras de formação cívica e de ação cultural
segundo o direito natural cristão” [prestigiosa entidade criada por Jean Ousset],
foi Professor da Escola Politécnica Federal de Lausanne e Presidente do Ofício
Suíço de Formação e de Ação Cívica.
1) Possibilidade
Humanamente,
esta reconquista parece impossível. O ateísmo e o humanismo secularizado se
estendem. Em nome da liberdade religiosa, os Estados nominalmente cristãos
abandonam a base de suas constituições; a democracia do Contrato Social segue
sua derrocada para o gulag. Difunde-se nos meios de comunicação os sinais de
uma retificação, no entanto servem amiúde como os promotores da laicização. Para
iniciar ou prosseguir uma reconquista cristã, aponto que não é necessário
esperar para empreender, nem ter êxito para perseverar. Alguns começam uma
reconquista da opinião pública: no entanto, o trabalho profundo segue sendo
necessário e possível somente com o poder divino. “Todo poder me foi dado, no
céu e sobre a terra” disse o Senhor, por uma parte, e por outra: “Pedis e recebereis”. Peçam o reino do Senhor e se nos concederá isso. Que Seu Nome seja
glorificado por toda a terra. Estamos em uma fogueira de paixões e as torrentes
de chamas da Revolução nos abrumam. Sejamos como as três jovens na fogueira que
dizem (Dan 3): "Benedicite, omnia
opera Domini, Domino; laudate et superexaltate eurn in saecula".
2) Reconquista de si
mesmo
Não
restam dúvidas então. No entanto, a reconquista começa no interior de cada um
de nós. Inútil acusar a outras pessoas, colocar a responsabilidade da
reconquista sobre outros, se não tendermos com todas nossas forças para nossa
santificação, através de esforços, sacrifícios, fazendo uma reorganização
profunda de nossas vidas, de nossas atividades, podando as superficialidades,
algumas conveniências, rechaçando as coisas vãs. Para evitar em seu país o
espectro do nazismo, Winston Churchill não prometia aos ingleses "sangue,
suor e lágrimas"? Certamente a Redenção custou muito mais a Nosso Senhor:
as lágrimas que derramou por Jerusalém, o suor de seu sangue no jardim da
Agonia e todo sangue de seu coração na Cruz. E não entraríamos nesta
perspectiva, negando-nos a unir nossas lágrimas, nosso suor, nosso sangue
próprio ao de Cristo, ao sangue dos cristãos perseguidos. Nós não podemos
esperar que um milagre traga a reconquista sem nossa transpiração, ou esperar
algum grande monarca em um grande trono… suspirar por um mundo melhor no
mundanismo, sobre plagas paradisíacas. Certamente, o Decálogo já impõe
exigências dolorosas no plano pessoal, mas a reconquista não tem sentido se
sigo adúltero, concupiscente, mentiroso, violento, preguiçoso, se não santifico
o domingo, todo o domingo, se a preocupação das noticias da terra eclipsa as
noticias do Alto. A reconquista exige a nível pessoal a vida das bem
aventuranças, a pratica da caridade. A santificação pessoal de São Luís não se
refletiu sobre seu século, sobre seu país?
O
cristão, se bem que pode prevalecer-se de direitos, só tem essencialmente
deveres, e sobre tudo o grande dever de passar a ser o que é, ou seja, por sua
perseverante vontade, apontar sua existência de acordo a sua essência de
batizado prometido para a vida eterna. Ante este dever, todos os direitos
aparecem. Cada um de nós existe como um piano mais ou menos desafinado, e que
trabalho é ajustar cada corda segundo a essência de uma nota bem suave, segundo
a harmonia da ordem! Que cacofonia se nossas cordas permanecessem à margem da
norma de origem divina! Basta uma nota falsa para arruinar toda uma peça…
Compor uma sinfonia social com um conjunto de instrumentos desafinados; que
desastre! É o espetáculo do mundo, desgraçadamente. Seria necessário diminuir
ao mínimo as dissonâncias inevitáveis.
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